Estavam terrivelmente aborrecidos, sentados nos seus maples de cabedal. Beberricavam whisky de malte e discutiam as últimas de uma crise que parecia andar algures. Chega-se a uma certa altura nesta profissão em que, uma pessoa aborrece-se tanto que não há dinheiro que pague este fastio, comentou um. È verdade, concordou o outro, as pessoas pensam que é fácil, mas estes milhões não se ganham sozinhos. Eram donos/gestores de uma qualquer empresa e aborreciam-se de morte.
-Snooker? Sugeriu um.
-Nahhh, dá muito trabalho. Queixou-se o outro e bebeu mais um gole.
-Setas? Voltou-se o primeiro.
-Hummm, receio que seja um pouco mundano.
O Tédio agigantava-se a cada segundo. Então, um dos gestores iluminou-se de contente e com os olhos muito abertos e as faces muito vermelhas exclamou:
-Já sei! Vamos despedir pessoas.
Ah, era sem dúvida a melhor ideia que tinham tido em semanas, aplaudiu o colega. No dia seguinte os trabalhadores chamaram a comunicação social, gritaram palavras de ordem, fizeram vigílias, vociferaram impropérios contra os gestores, mas já não serviu de nada, o despedimento colectivo era um facto. Os gestores por seu lado entreteram-se bastante com estas tropelias e combinaram repeti-las de tempos a tempos.
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