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O Julgamento

| quarta-feira, 8 de abril de 2009 | |
-Tens a certeza que não te queres safar disto? Eu tenho poderes para te mandar embora agora e não se fala mais nisso. - Era esta a conversa do homem poderoso para o menos afortunado. O outro considerava a proposta com um ar desconfiado e cofiava a barba. Tinha passado por muito, já levava consigo a sua quota parte de intolerância e agora eis que alguém se oferecia para o ajudar. Seria mesmo sincera aquela ajuda ou apenas mais uma artimanha para ganhar popularidade entre os demais?
-Vá lá pá, aceita! - O povo lá fora, selvagem, clamava por sangue – Estás a ouvi-los? Caraças, até a mim mete medo...Vai-te embora pá, vira costas e não voltes mais. Ainda és um moço novo, vai começar a vida noutro lado.
O menos afortunado fez que não com a cabeça: - Eles são estúpidos e ignorantes como um carro de mulas atravessado no meio da estrada, mas eu sei que consigo dar-lhes a volta, tu vais ver...daqui a nada já me perdoaram.
-Tu é que sabes pá.
Despediram-se, e enquanto o menos afortunado se entregava à multidão, o homem poderoso lavava as mãos, era a hora do almoço.

3 comentários:

calamity Says:
9 de abril de 2009 às 00:46

...assim se dá emprego a Profetas.
quando se dão conta estão a gritar: «Eli Eli lama sabachtani?», língua incompreensível para qualquer pessoa civilizada, como é bom de ver...

calamity Says:
9 de abril de 2009 às 00:47

ou noutra perspectiva, aí se foi bucar a consagração do direito ao silêncio dos arguidos :)

El Matador Says:
9 de abril de 2009 às 01:03

Calamity, basta um pequeno passo.