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O Interrogatório

| sexta-feira, 24 de abril de 2009 | |
Fecharam o ministro numa sala almofadada à prova de tudo. À prova de som, à prova de bala, enfim, à prova de conspirações estrangeiras. O ministro estava sentado numa cadeira de ferro ao centro. À sua volta dispunham-se cinco inspectores de soqueiras postas nas mãos, não fosse o diabo tecê-las, e como havia quem afirmasse que o dito cujo era amigo do ministro, era melhor prevenir do que remediar a súbita aparição de teares em chamas a meio do inquérito.
Um a um os inspectores interrogaram o ministro; queriam saber de onde viera a autorização para plantar mercearias num terreno reservado à produção de aviões de papel. Era escusado. O ministro não cedia, a rotação inquisitorial não o assustava, afinal de contas, tinha sido ele a inventar o método infalível de escape a perguntas incómodas. Os inspectores suavam a baldes e o ministro permanecia impávido que nem um dirigente desportivo.
A certa altura, os inspectores resolveram adoptar a táctica do quadrado e atacaram todos ao mesmo tempo. O ministro não se intimidou, antes pelo contrário, levantou-se e saiu da sala, atravessando uma das paredes como se esta não fosse mais que uma cortina de fumo. Os inspectores não queriam acreditar, nem conseguiam explicar o que se tinha passado. Mais tarde, a comunicação social referiu-se ao sucedido como: o estranho caso do ministro que parte através da parede e foge à questão essencial.

4 comentários:

Anónimo Says:
25 de abril de 2009 às 00:22

Ministro-Encenador desafina e actua como e quando quer!
(saiu assim...ou estava no guião)

Abraço,

Pierrot le fou

El Matador Says:
25 de abril de 2009 às 14:53

É um caso grave quando eles descobrem o truque milenar de atravessar as paredes.

Jerónimo Says:
26 de abril de 2009 às 14:17

É algo que é transmitido de geração para geração nas famílias de políticos...

Joaninha Says:
27 de abril de 2009 às 18:28

Genial...

O Engenheiro vai ficar doido...

beijos