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A Redenção

| sexta-feira, 10 de abril de 2009 | |
Cedo soube o homem poderoso da morte do desafortunado. «Maldição! Eu bem que o avisei». O homem punia-se por ter deixado o outro ir direito a um armadilha, na qual, também ele havia desempenhado um pequeno papel. A sua indiferença fora fatal. Sentia que ainda havia algo a fazer pelo homem desafortunado e por si próprio, a título de redenção. Chamou os seus lictores e deu ordem para que, disfarçados, subtraíssem o corpo do outro da vala comum para onde tinha sido atirado e o trasladassem para o seu jazigo particular. Assim foi feito, e o desafortunado teve honras de homem de Estado, amortalhado em linho e ungido com os melhores perfumes da época.
Dias depois, estava o poderoso homem a lavar as mãos numa fonte pública (obsessão compulsiva que tinha desde miudo) quando viu passar alguns dos supostos amigos do homem menos afortunado, gabando-se da glória do outro e dos seus feitos, das suas aventuras e do seu maravilhoso desaparecimento. A história em pouco tempo tomara uma dimensão completamente avassaladora. «Isto ainda vai dar muito que falar» dizia para si próprio o homem do poder.

2 comentários:

Joaninha Says:
13 de abril de 2009 às 17:48

Quantos e quanos mitos não terão comecado assim....

beijos

El Matador Says:
13 de abril de 2009 às 18:58

É mesmo.