
Um dos seus companheiros de infortúnio, sentado a seu lado, meteu conversa:
-Ouve lá pá, tiveste a oportunidade de fugir e escolheste ficar porquê? És burro?
O homem nada respondeu, apenas soltou um esgar depois de mais uma descarga eléctrica. O companheiro do lado oposto sentiu a sua dôr e interviu:
-Deixa o rapaz descansado pá, não vês que já lhe chagaram os cornos o suficiente.
O homem desafortunado apreciou o gesto de compaixão e convidou o outro para jantar em casa do seu pai nessa mesma noite.
-Achas que vamos sair daqui a tempo? O teu pai não se chateia se chegarmos atrasados?
Realmente, pensava o homem, por aquele andar nunca mais se despachavam, mas o que dizer ao pai? Apenas a verdade, eles não sabiam o que faziam.
Ao fim de algum tempo (depois de mudarem de gerador), chegou finalmente a descarga fatal, a libertadora, que enviou de imediato, os três condenados para novas pastagens. O público explodiu numa imensa ovação e os aplausos ecoaram por séculos. Nessa noite, ninguém jantou com o pai de ninguém, embora no ar pairasse um cheiro intenso a carne queimada.
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