Anacleto inscreveu-se na Cósmica Academia de Música Clássica apenas para estar mais perto dela. Conheceu-a no Liceu, num concerto para alunos com poderes extra-sensoriais. Ela tocou o violino magistralmente, mas no que ele reparou mais, foi no cabelo dela, que era prateado como o do Iggy Pop. Anacleto, que tinha ido ao concerto apenas para carregar o sistema de som, ficou de olhos boquiabertos.
Todos as semanas suportava as agruras das aulas de guitarra clássica, só para a ver mais de perto, sempre com a intenção de um dia lhe falar, embora ela parecesse estar a parsecs de distância. Ela achava piada à persistência de Anacleto mesmo sabendo da sua total inaptidão para a música e incentivava-o com o olhar. Era por ela que todas as semanas, Anacleto levava com o ponteiro de madeira na ponta dos dedos cada vez que se enganava numa nota.
Todos as semanas suportava as agruras das aulas de guitarra clássica, só para a ver mais de perto, sempre com a intenção de um dia lhe falar, embora ela parecesse estar a parsecs de distância. Ela achava piada à persistência de Anacleto mesmo sabendo da sua total inaptidão para a música e incentivava-o com o olhar. Era por ela que todas as semanas, Anacleto levava com o ponteiro de madeira na ponta dos dedos cada vez que se enganava numa nota.
Ela encantava cada vez que tocava no violino, ele estarrecia cada vez que desembainhava a guitarra. Estavam assim a última vez que os vi: ela suspensa em solos celestiais, ele agrilhoado ao instrumento com os dedos em sangue, debitando escalas para cima e para baixo. Ambos esperavam... Esperavam o dia em que harmoniosamente pudessem partilhar a mesma melodia.
4 comentários:
13 de abril de 2009 às 22:53
A melodia dos corações em uníssono será sempre bela...
13 de abril de 2009 às 22:59
Sábias palavras, como sempre.
14 de abril de 2009 às 18:45
a harmonia da espera e do olhar.
gostei.
14 de abril de 2009 às 19:04
:)
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