Estava a 24 horas do prazo de entrega, da sua crónica mensal, para a revista “O Repolho Andaluz”. Desde o príncipio da semana que se sentava religiosamente em frente ao computador, acendia um cigarro e enchia um copo com whisky. Ficava a olhar para a virtual folha em branco, dava baforadas no cigarro, bebia o whisky, mas nada lhe surgia. Bastava apenas pensar na crónica para que a sua mente começasse logo a vaguear por outras pastagens. Jogava à paciência enquanto a sua paciência se esgotava. Lia os mails engraçados, ia para as salas de chat discutir futebol, ouvia música e comprava online produtos que não precisava. Quando começava a sentir-se zonzo do whisky, desligava o computador e ia para a cama. No dia seguinte começava tudo de novo. Foi em frente ao computador que conheceu a esposa e foi em frente ao computador que se divorciou dela. Quando faltavam 24 horas para o prazo de entrega do texto, teve uma súbita inspiração e desligou a máquina. Em vez de escrever a crónica resolveu ir vivê-la.
2 comentários:
27 de abril de 2009 às 18:53
Primeiro...O Repolho Andaluz é de génio pá!
Segundo,
"Quando faltavam 24 horas para o prazo de entrega do texto, teve uma súbita inspiração e desligou a máquina. Em vez de escrever a crónica resolveu ir vivê-la."
Quando se dá um mote destes é obrigatório continuar...Obrigatório se é que me faço entender...
Beijos
27 de abril de 2009 às 18:59
Fizeste-te compreender na perfeição Joaninha, :)
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