Olho as fotografias e imagino que és real e que estás aqui. Sinto que te conheço, como se tivéssemos feito parte um do outro numa qualquer realidade paralela. Às vezes consigo até sentir o cheiro que emanas por debaixo dessa minissaia tímida, tracejada de negro em fundo branco. Gostava de rasgá-la e deixar-te montada nessas pernas longas e torneadas que se apoiam em sapatos de altos saltos negros. Ai! Que visão.
Encostava-te a esse corrimão que atravessa o enquadramento de uma ponta a outra, virada de costas para mim, mala vermelha na mão, e aí sim, entrava em ti, como um animal mítico esfaimado; um Minotauro espumando sexo pela glande. E nisto baralhar-se-ia Teseu perante tamanha cópula, e Dédalo, o perfeito designer, construiria asas inspiradas em orgasmos alados, libertadoras do labiríntico determinismo do homem, do mundo, da história, da guerra e da desigualdade. E no fim, visto de longe, sobraria apenas a fusão dos dois corpos, pairando no ar, nem tão perto do sol nem tão longe, de forma a não se derreter nunca a cera primordial; ali, no meio-termo, como aconselhou Dédalo e o Buda.
4 comentários:
16 de dezembro de 2012 às 02:07
fiquei com borboletas no estômago, depois de ler este texto.
lindo.
16 de dezembro de 2012 às 02:14
isso deve ser indigesto.
16 de dezembro de 2012 às 02:18
:)
estou pouco habituada a elas, é certo.
a música é linda.
16 de dezembro de 2012 às 15:02
De certeza que ela sabe, a provocadora... dizem que se sabe sempre.
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