Abrenúncio acordou sobressaltado com o toque da campainha da porta. Um toque insistente e irritante, como só as campainhas o sabem ser em manhãs de ressaca. Um berbequim a perfurar-lhe os tímpanos teria surtido o mesmo efeito.
Levantou-se como quem se arrasta e arrastou-se como se pagasse uma promessa; Quem seria logo de manhãzinha? “Há-de ser o carteiro!” O carteiro, quando o tempo o permitia, gostava de ficar à conversa com Abrenúncio; discutiam mecânica quântica, a teoria das cordas, os universos paralelos, as onze dimensões, e às vezes filatelia.
Assomou-se da varanda para baixo e para grande espanto seu, quem premia insistente o botão da campanhia era ele: Abrenúncio. Descalço, em tronco nú, só com as calças do pijama, a tiritar de frio. “Ah! Um prodígio” - Felicitou-se. Estava a assistir a uma aberração da natureza, daquelas que poucas pessoas têm a oportunidade de experimentar na vida.
Desceu as escadas a correr com um sorriso rasgado nos lábios, já nem se lembrava da ressaca, esta era uma oportunidade única para tirar vantagem sobre o carteiro que se presumia douto em matérias da Física. Abriu a porta entusiasmadíssimo mas já não se encontrou. Transpôs a ombreira e já no passeio pôs-se a chamar por si próprio, mas não se deu resposta.
Uma rajada de vento gelado levantou-se e arrancou de Abrenúncio um valente espirro; já se tinha constipado por menos, pensou. No mesmo instante a porta de casa, vítima de uma corrente de ar, fecha-se e deixa Abrenúncio do lado de fora: em tronco nú, descalço, só com as calças do pijama, a tiritar de frio. “Malditos ajustes da realidade”- resmungou e espirrou de novo, desta vez com mais força, a constipação era certa. Não podia ficar por ali naqueles preparos, e, sem se aperceber do absurdo da situação, encostou o dedo à campainha e tocou insistentemente. Lá dentro, no quarto, Abrenúncio acordava sobressaltado com o toque da campainha da porta.
Levantou-se como quem se arrasta e arrastou-se como se pagasse uma promessa; Quem seria logo de manhãzinha? “Há-de ser o carteiro!” O carteiro, quando o tempo o permitia, gostava de ficar à conversa com Abrenúncio; discutiam mecânica quântica, a teoria das cordas, os universos paralelos, as onze dimensões, e às vezes filatelia.
Assomou-se da varanda para baixo e para grande espanto seu, quem premia insistente o botão da campanhia era ele: Abrenúncio. Descalço, em tronco nú, só com as calças do pijama, a tiritar de frio. “Ah! Um prodígio” - Felicitou-se. Estava a assistir a uma aberração da natureza, daquelas que poucas pessoas têm a oportunidade de experimentar na vida.
Desceu as escadas a correr com um sorriso rasgado nos lábios, já nem se lembrava da ressaca, esta era uma oportunidade única para tirar vantagem sobre o carteiro que se presumia douto em matérias da Física. Abriu a porta entusiasmadíssimo mas já não se encontrou. Transpôs a ombreira e já no passeio pôs-se a chamar por si próprio, mas não se deu resposta.
Uma rajada de vento gelado levantou-se e arrancou de Abrenúncio um valente espirro; já se tinha constipado por menos, pensou. No mesmo instante a porta de casa, vítima de uma corrente de ar, fecha-se e deixa Abrenúncio do lado de fora: em tronco nú, descalço, só com as calças do pijama, a tiritar de frio. “Malditos ajustes da realidade”- resmungou e espirrou de novo, desta vez com mais força, a constipação era certa. Não podia ficar por ali naqueles preparos, e, sem se aperceber do absurdo da situação, encostou o dedo à campainha e tocou insistentemente. Lá dentro, no quarto, Abrenúncio acordava sobressaltado com o toque da campainha da porta.