Ao chegar ao quilómetro 40, Romualdo
encostou à berma. Parecia perdido. O mapa não lhe dava indicações
nenhumas que o ajudassem a localizar-se e a estrada parecia a mesma
de sempre: para trás pouca coisa, para a frente coisa nenhuma. A
paisagem impunha-se pela aridez desértica. Um cacto ou outro, meia
dúzia de pedras, vida quase nenhuma.
- O que acham? Seguimos em frente ou
damos meia volta? – Meia volta era impossível, comunicou
Abrenúncio, que embora tivesse feito a viagem a dormir, mostrava ter
estado alerta: a estrada era de sentido único. Ildefonso lembrou
que o combustível estava quase no fim. Não é só o combustível
que está quase no fim - anunciou Romualdo – a minha paciência
segue pelo mesmo caminho.
Podíamos ficar por aqui – sugeriu
Labregoísio.
Ficar não era uma opção reclamou
Romualdo. Ouve quem lançasse para o ar a ideia de apanhar boleia.
Ir de boleia é fazer batota, lembrou Abrenúncio, não há esforço,
não dá luta, e além disso quem lhes daria boleia com aquele
aspecto sujo e mal barbeado.
Por fim Romualdo decidiu que não havia
nada a decidir, deu à chave e arrancou numa nuvem de poeira que,
suspensa no ar, dir-se-ia auspiciosa.
Aproveitemos para celebrar, concluiu
Abrenúncio, augura-se um bom quilómetro. Beber é sempre um bom
remédio e a única maneira decente de se conseguir ficar bêbado.
Brindaram – Que se
levante a poeira e que esta merda ande de vez.
*metáfora roubada descaradamente ao Dytonisius
10 comentários:
2 de agosto de 2012 às 08:52
Parabéns Matador.
2 de agosto de 2012 às 08:53
Obrigado Abrenuncio
2 de agosto de 2012 às 08:54
Este blogue está cada vez mais esquizofrénico.
2 de agosto de 2012 às 09:10
A vida não tem volta a dar, meus caros... temos mesmo de andar para a frente. :)
2 de agosto de 2012 às 11:58
Com tropeços pelo caminho, muitas vezes sem hipótese de dar a volta, para a frente é que se deve ir.
Se se der com a cabeça ma parede, no ferro, na prórpia vida, f**@-se, siga que o "sol" há-de iluminar as ideias.
(foi o que me saí desta cabeça sem ideias).
:)
2 de agosto de 2012 às 11:59
digo:
*na
*saíu
:)
2 de agosto de 2012 às 12:12
Ainda ao menos esse carro leva gente suficiente para discutir o assunto...quantos há que vão completamente sós e depois ficam para ali, empancados no vazio...
A estrada pode ser árida, mas até um cacto que se encontre tem a sua beleza. E o combustível pode estar no fim mas, a mim, parece-me que a estrada vai em sentido descendente. Não como símbolo de alguma degradação, atenção. Antes como símbolo de maior facilidade, menor esforço, é só aceitar o embalo que a estrada nos dá... =) Parabéns, Matador querido!
3 de agosto de 2012 às 01:44
espera lá eles existem?! e eu a pensar que eram coisas da tua cabeça.... hummmm
3 de agosto de 2012 às 14:12
great :)
8 de agosto de 2012 às 16:26
Romualdo, o teu amigo Abrenúncio a dormir tem mais lucidez do que todos os outros acordados ;)
Tchim!
Atchimmmmmmmmmm!
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