Com as putas não havia
necessidade de mentir. De parte a parte. Nem ele mentia às putas nem
as putas lhe mentiam a ele. Estavam reunidas portanto, todas as
condições necessárias para o início de uma relação sincera e
duradoura.
A princípio foi a
estranheza. A timidez perante a carne nua e despudorada, a mobília
mapeada a tons de vermelho; as luzes em néon, a música quase tribal
que lhe acompanha as batidas do coração, os espelhos sujos...
Depois foi o verbo: quero
aquela! - Como quem está no talho e aponta para a vitrina: Aquele
belo naco por favor. E o pedaço de carne de pronto lhe é entregue:
embrulhado em rendas finas de negro e vermelho, perfume barato salteado de palavras gentis.
Ainda que o verbo inicial
seja o motor de toda a acção, posteriormente, são as exclamações
que tomam as rédeas do carburador: Oh!, Ah!, ou apenas (!!!) momentos singelos em que nada se diz e tudo se sente, à flor da
pele (lá está o Chico outra vez); tempos interjectivos e puros, roubados aos deuses e tornados sublimes pelo homem. Uma dialéctica
muscular que se resume em ir-vir e chegar.
Estão aqui envolvidas
todas as ciências do mundo moderno. Primeiro a
química, depois a física; a biologia aliada à psicologia, e por
fim, como que a rematar o cortejo, ou às vezes encabeçá-lo, a
economia: mãe/produto de todas as transacções - Check
please!
10 comentários:
26 de outubro de 2012 às 22:56
Dou por mim a pensar, "A Mulher que gostava de ir aos putos", talvez osse mais simples para todos nós.
Bela simbologia (simbiose) da física...e da mãe.
:)
26 de outubro de 2012 às 23:03
pois eu quero alguem que gema por puro prazer. mesmo que sem amor. nunca por dinheiro ou outro presente qualquer.
quero sexo que seja sexo, com muito suor, sangue, se o houver, e lágrimas, quando o membro nos fura as entranhas.
pagar para ouvir, ver e sentir alguém a fingir?... não...
26 de outubro de 2012 às 23:06
acrescento, no meu mundo ideal, o sexo seria sempre feito sem qualquer contrapartida, apenas por prazer ;)
mas nada tenho contra quem vai às putas. é um serviço como outro qualquer. apenas não me satisfaz...
29 de outubro de 2012 às 18:48
Conheço alguns desses homens e muitas vezes vão se embora sob antibióticos...
29 de outubro de 2012 às 18:51
ahahaha, pois!
29 de outubro de 2012 às 22:59
O abrenúncio sabe disto?
30 de outubro de 2012 às 23:05
Até quando falas em putedo és encantador... Vai lá vasculhar no meu pedestal o selinho todo janota que te arranjei. Não o vais partilhar, mas é para teu regozijo. =)
4 de novembro de 2012 às 12:42
E depois, o homem que gosta de ir às putas suspira e goza da éfemera sensação de paz. Entendo isso. Faz de conta que não se deve nada a ninguém, nem satisfações...
6 de novembro de 2012 às 16:09
Tão fácil... Tão descartável... Tão triste...
13 de novembro de 2012 às 14:21
já largavas as putas e voltavas à escrita, não?!? :(
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