Ao fim de sete anos à procura do Tibete,
Abrenúncio cansou-se. As fronteiras estavam fechadas e o ar era rarefeito.
Sentou-se numa pedra e poderia ter chorado, como o outro do livro do Paulo Coelho nas margens dum rio qualquer, mas, como não gostava de emular literatura rasca,
em vez disso acendeu um cigarro. O fumo volteou pelo ar e com um olho fechado,
forçando a perspectiva, Abrenúncio viu a montanha fumegar.
Que desilusão, pensou, agora ter
que fazer o caminho todo de volta. Do Tibete ao Algarve ainda é um esticão.
A primeira coisa que fez foi
tirar a roupa toda. Pensava melhor quando estava nú. Descascado
no Tibete – aqui está um título bom para um filme.
Poderia ficar ali, para sempre, a
admirar de longe o Tibete, como o Dalai-Lama. Mas a santidade nunca foi o seu
forte. O que ele queria mesmo era entrar por Lhasa adentro, pregar um estalo ou
dois nos chineses e rezar à força toda no Palácio de Potala. Mas agora
sentia-se cansado. Ao longe, no sentido Evereste–K2, um anão voador cruzava os céus a uma
velocidade estonteante. É um sinal! – Exclamou Abrenúncio – Volto para trás.
6 comentários:
28 de agosto de 2012 às 19:32
Para tirares a roupa cheira-me a protesto.
:)
28 de agosto de 2012 às 19:58
de apoio às pussy riot.
28 de agosto de 2012 às 22:42
Tão perto do céu e o Abrenúncio volta para cá?! O Anão não é sinal nenhum, pôça, é uma coincidência.
29 de agosto de 2012 às 11:57
O Anão anda a aparecer vezes de mais... soa a praga. Há que lhe meter um tiro no papo...
Já agora, regressar pode não ser fácil ou apetecível, mas é melhor do que ficar sentado numa contemplação à espera que alguma porta ou fronteira se abra...
30 de agosto de 2012 às 21:41
O número 7 é mágico, de bom presságio, dizem.
Não será o anão o sinal?
:)
30 de agosto de 2012 às 21:58
O anão pode ser um sinal se estiver na cara de um gigante :)
Não sei, já é a terceira vez que ele irrompe por um post adentro sem pedir autorização.
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