A Viagem de Volta
Publicada por
El Matador
| segunda-feira, 15 de junho de 2009 |
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Passeava à beira mar, parando apenas para apanhar algumas pedras que depois atirava de volta para o mar. Gostava de ver o ressalto das pedras quando atingiam a crista das ondas. Contava para si as vezes que as pedras saltitavam e depois tentava fazer com que saltassem mais; competia consigo próprio. Por vezes deitava-se nú à beira mar e deixava-se ir enrolado pelas ondas. Repetia todos os rituais de criança, e as pessoas que passavam riam-se. Era uma das vantagens de ser tomado por louco, podia fazer o que realmente lhe apetecia. A praia era voltar ao passado, antes da guerra, à idade da inocência. Do outro lado ficava a Cidade, cinzenta e obtusa como ela só. Foi por isso que voltou à praia, para começar de novo. No cais o barco fazia a última chamada e ele, caminhou devagarinho até atingir o seu objectivo: perder a viagem de volta.
8 comentários:
15 de junho de 2009 às 21:01
Mascarar a realidade é muito mais confortável do que enfrentá-la.
15 de junho de 2009 às 21:15
Exacto. É por isso que nos mascaramos o ano inteiro e só no Carnaval é que mostramos verdadeiramente quem somos.
15 de junho de 2009 às 22:09
E é por isso é que vemos homens de bigode e barba rija "muito homem, tásouvir?", mascarados de mulheres...
15 de junho de 2009 às 22:32
Nem mais, e quanto mais machos são, mais femininos ficam quando se mascaram.
15 de junho de 2009 às 23:26
Mostram a sua verdadeira natureza. Soltam-se. Libertam-se. Mais valia darem uns peidos. Também é bastante libertador, não achas?
16 de junho de 2009 às 01:09
Concordo. A flautulência pode ser deveras libertadora.
17 de junho de 2009 às 12:12
Ser louco é muito confortavel é, tirando quando nos enfiam um colete de forças ;)
beijos
17 de junho de 2009 às 16:30
Pois. Inibe-nos logo a capacidade de comer tremoços.
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