Quando Ildefonso a viu, parecia uma miragem. Vinha leve como se flutuasse sobre uma fina névoa. Enevoados eram também os seus sentimentos: Há quanto tempo não se viam? Há muito com certeza, ela estava mais velha, mas continuava com o mesmo estilo de menina e moça que o tinha seduzido. Foram passear mas acabaram na casa dele a recordar tempos que pareciam remontar a uma outra vida. Ele ansiava por tocar-lhe mas não queria arriscar uma recusa da parte dela. Ela estava à vontade com ele mas, não sabia se ele ainda a queria.
Nos dias seguintes continuaram a encontrar-se. Mediam-se um ao outro, mediavam-se, faziam os possíveis para se aproximarem só para depois se afastarem de novo. Nenhum dos dois tinha a coragem para enxotar o elefante cor-de-rosa que se entrepunha entre eles.
Ela acabou por ir embora, montada na mesma nuvem que a tinha trazido. Ele apontou no seu bloco de notas: «comprar ratoeira para apanhar elefantes».
O Paquiderme
Publicada por
El Matador
| sábado, 20 de junho de 2009 |
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Sketches of Spain - Miles Davis
7 comentários:
21 de junho de 2009 às 17:48
texto muito interessante...
21 de junho de 2009 às 17:55
obrigado brita, bem-vinda.
21 de junho de 2009 às 21:05
É um bocado aquele coisa do "não posso viver contigo nem sem ti" em versão soft. Muito platónico. E não leram uns poemazinhos um ao outro?
21 de junho de 2009 às 21:48
É o amor platónico num país socrático. Não sei se leram poemas ou não, mas tocaram lira e puseram flores nos cabelos.
21 de junho de 2009 às 22:02
If you're going to Saaaaaaaaan Fraaaaaaaaaaanciscooooo...
22 de junho de 2009 às 13:49
Possível também, é a existência de armadilhas entre relações, de elefantes invisíveis (porque não (he he))...
Abraço,
Pierrot le fou
22 de junho de 2009 às 19:38
Hahaha
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