O Enfermo
Publicada por
El Matador
| terça-feira, 4 de agosto de 2009 |
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Absorto na sua enfermidade quasi paralisante, Abrenúncio nem deu por ela chegar. Com os seus pezinhos de chinesa e modos de gueixa, tratou-o com a delicadeza de um ser etéreo que se nos escapa quando tentamos agarrá-lo. Esteve com ele, como se está com as pessoas doentes, permitindo-lhe todos os humores e desvarios. Foi mais que sua enfermeira. Foi todas as mulheres da sua vida, não sendo nenhuma. Concentrava-as todas numa só. Às vezes, noutros tempos e noutros lugares, encontrava-a sempre bem acompanhada de mancebos que, talvez estivessem doentes ou não. E só por isso, reservava-lhe um pedacinho de rancor por entre ventrículos e aurículas. Queria defini-la numa palavra, mas a única que lhe surgia amiúde era: saudade. Como não havia forma de a descrever nem sequer de a entender, referia-se a ela como: aquela-que-não-me-é-nada.
4 comentários:
4 de agosto de 2009 às 20:53
é o que define a Afinidade. Não haver parentesco.
4 de agosto de 2009 às 20:56
Exacto.
4 de agosto de 2009 às 22:04
Não concordo. A mim, parece-me mais aquela-que-me-é-tudo.
4 de agosto de 2009 às 23:13
pois, também és capaz de ter uma certa razão.
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