Tinham ambos decidido que não iriam votar nas próximas eleições, e, como budistas que eram, juraram-no ajoelhados em frente dum pedaço de incenso a arder. Uma garrafa de vodka depois, andavam os dois a voar muito baixinho pela Cidade a destruir toda a propaganda política que encontravam nas paredes, nos outdoors, nos postes e em todo o lado. «Estou Uno com o Universo», dizia um enquanto grafitava o símbolo do Om na parede de um prédio, o outro, que estava a mijar contra a mesma parede respondia«e eu estou contigo». Eram mais ou menos duas horas e dez minis da manhã quando eles, que já tinham atingido a altitude cruzeiro, descobriram um faixa de propaganda que urgia purificar.«Purificar como?» perguntou um, «Com o fogo» respondeu o outro muito sério. Sucedeu que não foi só a faixa que começou a arder, e em menos de nada apareceram uns agentes da segurança nacional a gritar muito alto «ALTO!» e a correr em direcção aos dois meliantes. Estes, sem mais, separaram-se e encetaram uma maratona até casa. Um, acagaçou-se tanto que se deixou dormir debaixo da cama, o outro foi-se esconder na varanda do prédio e por lá ficou. No dia seguinte o locutor da rádio local comentava indignado: Anarco-Budistas Aterrorizam a Cidade.
4 comentários:
29 de maio de 2009 às 19:52
acho que conheço esta historia.. mas com um toldo...eheehe
29 de maio de 2009 às 20:03
Ehehehe
30 de maio de 2009 às 14:07
Ó pequeno, devo dizer-te que gosto muito das tuas histórias. Até hoje, a que mais gostei mesmo foi "O Banho Frio". A mais sensual e intimista de todas. Fez-me lembrar, assim de repente, "A Casa Indefesa" de Heinrich Böll. Um grande livro, conheces?
1 de junho de 2009 às 09:37
Obrigado Rose, é bom saber. Nunca li "A Casa Indefesa", nem conheço, mas agora fiquei com curiosidade e vou ver se o encontro.
As histórias agora vão abrandar uns dias porque o meu PC está no estaleiro.
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