O espectáculo era composto de muitas luzes, muito barulho, muitas cores espalhadas pela tenda e muito plástico resplandecente. O Mestre de Cerimónias sabia da devoção dos animais primitivos pelas coisas brilhantes e luzidias e assediava-os com uma voz maviosa «venham comigo meus queridos, venham pelo caminho que vos há-de levar até à luz». Os animais entontecidos, maravilhados com os palhaços e malabaristas que ladeavam o caminho, seguiam os velho Mestre de Cerimónias que saltitava de um lado para o outro e apontava sempre para a luz. À frente iam os ratos, sempre apressados a liderar a estranha caravana, atrás destes vinham as vacas acompanhadas pelos porcos, e, logo a seguir os burros e outros distraídos. O fogo de artifício explodia a compassos sucessivos e os trompetistas de ouro e as bailarinas de cristal compunham o cortejo. Golfinhos azuis tentavam, de tempos a tempos, alertar os animais, avisar-lhes que a luz ao fundo do túnel era na realidade um comboio, mas estes já só prestavam atenção à magnificência do espectáculo que, era realmente espectacular.
3 comentários:
26 de maio de 2009 às 23:21
Um espectáculo verdadeiramente espectacular tem que ser mesmo assim: muitas luzes, muito barulho e muitos animais. Uns mais distraídos que outros, claro.
26 de maio de 2009 às 23:31
E trapezistas a cairem de costas.
26 de maio de 2009 às 23:34
E tigres a abocanharem os incautos. Bonito.
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