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#334: Mines, Minduíns e Dirigíveis

| sábado, 5 de janeiro de 2013 | |
Fui tomar café com o intuito de despertar as ventas e dar um pouco de passeio às gorduras depois do jantar. É certo que não devia beber café, segundo o médico, a cafeína é um dos muitos alcalóides que me são prejudiciais à saúde. É por isso que o acompanho sempre com um balão de whisky, não vá o outro entrar todo puro e despudorado pelo estômago adentro como se tivesse num concerto rock. Digo isto porque ouço Led Zeppelin enquanto escrevo estas linhas: é banda de adolescência que já não ouvia há muito e hoje apeteceu-me. Talvez por ter vindo motivado do café. Encostei-me ao balcão e pedi um café, ou melhor, resolvi a confusão da empregada que sempre que me vê nunca sabe se quero um descafeinado ou um café a sério, como os homens. No ecrã gigante da parede passava um jogo de futebol do campeonato de Espanha, digo passava porque nestes estabelecimentos às vezes dá-se o hábito de se verem os jogos do dia anterior quando não são in extremis de uma outra época. É uma espécie de fé inabalável, típica do fã de bola:  esperar que no dia a seguir a sua equipe acabe por ganhar o jogo que perdeu no dia anterior. Não façamos no entanto juízos de valor, existem crenças mais absurdas. O que os homens gostam a sério é de estar em conjunto, mesmo que em mesas separadas torcendo por equipas diferentes. O homem cultiva a sua homenzorrazuidade com fervor religioso e é isso que o une em volta do cálice divino da mine e da hóstia consagrada do tramoço. Reparei nisto com um olho enquanto que com o outro apreciava o decote generoso da ucraniana do balcão (sim, sou vesgo além de gordo). Sempre que havia um quasi golo ou uma entrada daquelas mesmo duras (esta expressão aprendi lá) os indivíduos agitavam-se como fiéis de uma igreja baptista, levantavam os braços e davam graças ao deus do catechu.
Porra! Ia sendo! Ah caralho! Foram alguns dos aleluias que depreendi fizessem parte do culto. Tentei repeti-los em ocasiões que me pareceram adequadas no intuito de me integrar; até porque notei que a moça de leste nutria um espécie de ternura por demonstrações de virilidade sedentária-etílica, e eu, como tenho um fraco por moças oriundas daquela linha que vai do Báltico ao Mar Negro tentei portar-me à altura. Dei por mim a coçar os testículos (outra profissão de fé) e a pedir mais mínduins.
Como se a gaja não reparasse puto em mim, ainda que eu me tenha tornado num macho latino instantâneo, resolvi que estava na altura de me sobrepor àquela horda de grunhos embrutecidos, ou não fosse eu um adepto ferrenho daquela equipa que tinha a camisa às riscas. Ah! Caralho. Quase que ia fonde! – gritei à bruta ao mesmo tempo que bati com a mine no balcão num acto que tinha tanto de desiludido como de irritado. A lituana olhou-me com ar espantado assim como o resto dos meus congéneres: parece que o jogo já tinha acabado há pelo menos meia hora. Fiquei atabalhoado como sempre fico quando mais que uma pessoa olha para mim, no entanto não me desfiz:
- A culpa desta merda é do árbitro!
Saí de cabeça erguida; o consenso era geral, a culpa tinha sido mesmo do árbitro e da sua mãe que pelos vistos mantém um ocupação freelancer por detrás do Hotel Eva.
Não engatei a moldava mas descobri o homem que havia em mim. Até hoje eu nunca passara de uma Elisabete Sofia intelectualóide, incapaz de tomar conta fosse do que fosse, mas agora sim eu era um verdadeiro Romualdo Alizando Cresce, de micose no escroto e arroto leguminoso; isto tudo numa noite, sem nunca ter ido à tropa. 


10 comentários:

Anónimo Says:
5 de janeiro de 2013 às 00:13

;)

quase te vi lá!!!

El Matador Says:
5 de janeiro de 2013 às 00:16

Pois se lá estive mesmo :)

Anónimo Says:
5 de janeiro de 2013 às 00:20

de volta da loira, que nem moscas...

El Matador Says:
5 de janeiro de 2013 às 00:21

Eu disse que era loira?

Briseis Says:
5 de janeiro de 2013 às 00:31

Eu sempre desconfiei que "el Matador" seria pseudónimo de algum nome muito paneleiro... Tinha razão, Elisabete Sofia...!

El Matador Says:
5 de janeiro de 2013 às 00:34

Não sabes tu que o nome original é Maria Elisabete Sofia

Anónimo Says:
5 de janeiro de 2013 às 00:34

Briseis, ADOREI!!!!!

(Elisabete Sofia... :)))))

El Matador Says:
5 de janeiro de 2013 às 00:37

Bétinha prós amigos.

mz Says:
9 de janeiro de 2013 às 22:26

Que lindo visual ;)
Muito prazer em conhecê-la e aproveito para lhe deixar votos de um Feliz Ano Novo!

Tchim-Tchim!
Pode ser com a mini :)

El Matador Says:
9 de janeiro de 2013 às 23:55

obrigado Mz e bom ano pra ti.