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120 Km/h

| domingo, 25 de abril de 2010 | |
Abrenúncio estava aborrecido. Então, decidiu atacar a vaga de tédio com algo que lhe garantia sempre uma boa distracção: correr atrás dos automóveis na auto-estrada. Desta vez porém, resolveu inovar um pouco e foi todo nu. Não havia maior sensação de liberdade para Abrenúncio do que aquela de correr livremente pela estrada a fora, de braços abertos, com as partes pudibundas ao vento. Era outra vez o homem no seu estado puro a perseguir a artificialidade brutal da máquina. Gostava da auto-estrada porque não tinha semáforos e era uma via de trânsito rápido, onde podia portanto, atingir as maiores velocidades. Os automobilistas, ao passar por ele, buzinavam muito e faziam-lhe gestos com o dedo médio em sinal de incentivo, o que lhe dava um maior alento quando se sentia cansado. Quando corria, não pensava na vida, nem no aborrecimento nem em nada; ouvia apenas as batidas cardíacas e a respiração cadenciada, como num acalento. Aos poucos, ia deixando de ser o animal racional para se tornar de novo no animal selvagem; numa selva asfaltada; com acessos condicionados e separação física de faixas de rodagem.

11 comentários:

Lala Says:
25 de abril de 2010 às 21:22

Às vezes também me apetece fazer como o Abrenúncio... Então fujo para a praia do Meco... Sempre evito os dedos médios! :)) Oh como eu o entendo!

Beijinhos**

Unknown Says:
25 de abril de 2010 às 22:07

O Abrenúcio é um maluco, qualquer dia ainda se mata. Para se sentir verdadeiramente selvagem tinha que ir tb a conduzir, que mania de ser diferente. Que tal começar a fazer jogging à beira mar!? Muito mais saudável. Kiss

Unknown Says:
25 de abril de 2010 às 23:50

O teu humor é pungente!

Não sei como é que fazes mas traduzes nas situações mais ridículas imagens tão claras dos sentimentos.

Deixa-me sempre a pensar o Abrenúncio, adoro-o!

El Matador Says:
26 de abril de 2010 às 08:30

@Lala: Apetece a toda gente aposto.


@Tulipa: Sim, à beira mar é muito mais saudável mas muito menos radical.


@Teresa: O Abrenúncio agradece e eu também.

roserouge Says:
26 de abril de 2010 às 23:31

Cá pra mim, o Abrenúncio diverte-se muito mais do que tu...

El Matador Says:
26 de abril de 2010 às 23:56

Na volta...

mz Says:
29 de abril de 2010 às 18:02

Mas tu tens uma ideias!!!

Na verdade, a estrada é uma selva por isso, porque não despir a roupa e tornar-se parte dela tal como vira ao mundo!
Tal com o um animal no seu estado natural, contra todos os outros com as suas máquinas suicidas?

El Matador Says:
29 de abril de 2010 às 18:26

É mesmo isso MZ, obrigado pela visita.

Anónimo Says:
3 de maio de 2010 às 21:23

Olá El Matador,

Já não escrevia aqui, há muito tempo...
" ...resolveu inovar um pouco e foi todo nu"
ah ah ah

Sabes, gostaria muito de ver uma publicidade com o Abrenúncio, a correr atrás dos carros, todo nu, pelas estradas da Serra de Monchique, para promover o belo Medronho do Algarve. ;)


Abraço,

Pierrot le fou

El Matador Says:
3 de maio de 2010 às 21:54

É verdade Pierrot, long time no see.

Aposto que o Abrenúncio não se importava nada de dar o corpo ao manifesto para promover essa bela bebida que é o Medronho de Monchique.

Abraço

Anónimo Says:
3 de maio de 2010 às 22:46

Aguardamos todos.
Quando a publicidade estiver quase pronta, avisa.
Quero estar presente na apresentação oficial (do medronho).