Numa bela noite de luar, ao regressar a casa mais cedo que o costume devido à não comparência de um aluno, O professor Otto Klism encontrou a esposa na cama a satisfazer ruidosamente, e até um pouco desafinada, os seus ímpetos carnais. Qualquer outra pessoa reagiria à situação com surpresa, com fúria até, mas não o professor. «É o meu Duplo que ali está» pensou com uma alegria desmedida «Cheguei a casa ainda antes de mim». Aclarou a garganta, fechou os olhos e na sua melhor imitação de tenor rebentou em Si menor:
Ó tu doppelgänger! Tu pálido camarada! Porque arremedas a dor do meu amor/Que me atormentou aqui neste lugar...
O mancebo que até então não se apercebera do elefante lírico dentro do quarto, lívido de susto, largou um salto para fora da cama e acto contínuo escapuliu-se pela janela. Quando a pequena récita acabou, o professor Otto, de braços abertos como que abraçando uma multidão invisível, abriu os olhos satisfeito e perguntou à mulher «Então? Que tal me saí?» Fraulein Klism agarrada ao lençol em estado de choque, conseguiu soltar as mãos que lhe tremiam, e num aplauso muito arrastado gaguejou: «Bravo! Bravo!»
3 comentários:
30 de outubro de 2009 às 09:01
:D
é uma forma única de ver a coisa, garanto-te! hehehehehehe
30 de outubro de 2009 às 09:17
Um homem feliz e uma mulher feliz. O casalinho maravilha, portanto...
30 de outubro de 2009 às 10:29
Cal... - e com banda sonora,ehehe.
Roserouge - A felicidade matrimonial em todo o seu esplendor.
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