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O Candidato

| segunda-feira, 12 de outubro de 2009 | |
A Chefe de Secção chegou ao departamento de tal forma inchada que quase não passava da porta. Quem a visse diria que ia explodir, tal não era a forma como avolumava. Tinha ganho o seu candidato, finalmente. Depois de muito ouvir aos seus subordinados afrontas e gracejos insinuados, depois de tantos anos de abstinência eleitoral, chegara o dia tão desejado. Porra! Até que enfim. A justiça havia sido reposta em Remulak - A Grande.
O homem, na sua boca, não era um homem; era o Rei que finalmente regressava para cuidar do seu povo tão mal amanhado. Pensam que se trata de um simples mortal, de um borra-botas, de um valdevinos qualquer? Não! Exclamava ela com toda a pujança de um tenor: «O homem é um doutor! Um doutor ouviram?» Os subordinados ouviam; ouviam e engoliam em seco. Um sapo daquele tamanho era praticamente impossível de engolir, ainda por cima inchado como estava, nem com vaselina. Zeferino, o distraído, gostava de encarar o cenário pelo seu lado positivo: «Não há-de ser nada» contemporizava, «só custam os primeiros quatro anos.»

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