Quando Romualdo era pequeno andava sempre a cair. Não aquelas quedas naturais e até um pouco saudáveis que todos os miúdos da altura davam e que hoje são tão raras porque a criança pode-se magoar. Não, as quedas dele era aparatosos espectáculos aéreos dignos de um duplo de hollywood, e, sem redes nem amortecedores de impacto. A sua estreia foi logo aos cinco anos quando, descurando os avisos do pai, caiu do primeiro andar duma qualquer agência de viagens. A cabeça aumentou-lhe para o dobro e nessa noite não pôde dormir por ordem do médico. No ano seguinte entrou para a escola primária sem recordações nenhumas anteriores a essa data.
Talvez porque a memória a curto e a longo prazo lhe tivesse ficado afectada, experimentou o seu segundo voo logo aos oito anos. O céu estava limpo, o vento era fraco e as condições eram todas propícias a uma queda do primeiro andar de um prédio em construção. Este até teria sido um evento pouco digno de menção não tivessem sido os tijolos que lhe caíram em cima acto contínuo à queda. Um buraco na perna por onde conseguia ver o osso foi o rescaldo final do incidente; o pai levou-o ao hospital para ser cosido e desta vez, sorte das sortes, pôde dormir à noite.
Até perfazer a bonita idade de vinte e dois anos, Romualdo não voltou a cair. A maldição acabara, chegou a pensar. Caiu muito de bicicleta, partiu a cabeça duas vezes, mas sempre derivado a brincadeiras saudáveis, nada de especial. Como se disse, aos vinte e dois anos, já adulto inconsciente portanto, numa noite de copos e confusão numa discoteca maligna, enquanto tentava meter conversa com uma miúda gira, o inevitável desequilíbrio do ser fez com que Romualdo se descadeirasse do primeiro andar abaixo, conseguindo o prodígio de não acertar em ninguém. O copo de cerveja partiu-se e os cacos cravaram-se-lhe na mão. Desta vez chorou muito, não de dor que não lhe doía nada, mas por não suportar ver cerveja desperdiçada.
Até aos dias de hoje nunca mais caiu e já lá vão largos anos. Não tem saudades. Às vezes dá consigo a questionar-se: teria ele alguma desavença com a lei da gravidade? Ou seria Deus, que para o castigar do ateísmo de vez em quando o empurrava?
Talvez porque a memória a curto e a longo prazo lhe tivesse ficado afectada, experimentou o seu segundo voo logo aos oito anos. O céu estava limpo, o vento era fraco e as condições eram todas propícias a uma queda do primeiro andar de um prédio em construção. Este até teria sido um evento pouco digno de menção não tivessem sido os tijolos que lhe caíram em cima acto contínuo à queda. Um buraco na perna por onde conseguia ver o osso foi o rescaldo final do incidente; o pai levou-o ao hospital para ser cosido e desta vez, sorte das sortes, pôde dormir à noite.
Até perfazer a bonita idade de vinte e dois anos, Romualdo não voltou a cair. A maldição acabara, chegou a pensar. Caiu muito de bicicleta, partiu a cabeça duas vezes, mas sempre derivado a brincadeiras saudáveis, nada de especial. Como se disse, aos vinte e dois anos, já adulto inconsciente portanto, numa noite de copos e confusão numa discoteca maligna, enquanto tentava meter conversa com uma miúda gira, o inevitável desequilíbrio do ser fez com que Romualdo se descadeirasse do primeiro andar abaixo, conseguindo o prodígio de não acertar em ninguém. O copo de cerveja partiu-se e os cacos cravaram-se-lhe na mão. Desta vez chorou muito, não de dor que não lhe doía nada, mas por não suportar ver cerveja desperdiçada.
Até aos dias de hoje nunca mais caiu e já lá vão largos anos. Não tem saudades. Às vezes dá consigo a questionar-se: teria ele alguma desavença com a lei da gravidade? Ou seria Deus, que para o castigar do ateísmo de vez em quando o empurrava?
4 comentários:
9 de outubro de 2009 às 17:48
Curiosamente ele cai sempre do primeiro andar. Sendo demasiadas as coincidências diria que Deus lhe anda a passar a perninha :)
beijos
9 de outubro de 2009 às 18:30
Por acaso essa de ser sempre do primeiro andar, não fosse o cepticismo do indivíduo, dava que pensar.
9 de outubro de 2009 às 19:32
Acho que ele faz de propósito, cair do primeiro andar. Não se magoa muito e sempre consegue chamar a atenção.
9 de outubro de 2009 às 19:43
Oh Rose, coitado do Romualdo, achas que foi de propósito? Eu continuo a acreditar na teoria do caos, isto das borboletas baterem as asas no outro lado do mundo já se sabe, só provoca estragos aqui na vizinhança.
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