Quando Ildefonso saiu de casa pela manhã estacou à entrada. Estava um destes dias solarengos que de outono não têm nada. Sentia-se rabugento e implicativo, normalmente quando se sentia assim o dia corria-lhe da pior forma possível, era como se estivesse em disputa constante com as leis do universo, enfim...dias cabrões. Mesmo à sua frente o vizinho do andar de baixo passeava o cão que se entretia a cagar todo o passeio. Cumprimentou mal-disposto o cão e apeteceu-lhe correr com o vizinho a pontapés até ao fim da rua. No outro lado da estrada, na cabine telefónica, dois arrumadores acertavam os pormenores do pequeno almoço antes de se iniciarem em mais um dia de trabalho árduo. Ildefonso ainda antes de dar o primeiro passo, aquele que poria em marcha todo um dia que se afigurava amargoso pensou:«Humm! Não me parece.» Fechou a porta e voltou para casa. Deitou-se na cama como se tivesse gripe e ligou a rádio, «Humm! Jazz de manhã.» Acertou o despertador para dez anos mais tarde.
6 comentários:
16 de outubro de 2009 às 16:09
e dez anos mais tarde, ainda dava jazz na rádio?...
16 de outubro de 2009 às 16:29
Eh pá, agora vamos ter que esperar. Daqui a dez anos deve é estar tudo jazzeado.
17 de outubro de 2009 às 00:42
ou não, ou não... eventualmente, esse jazz seria ofuscado pelo som divino que ouço, neste momento, diria.., popular-lelo-feirante de santa iria e respectivo classicismo reinante... bosta de comentário, mas, também, é tarde e é 6ª-feira...
17 de outubro de 2009 às 08:36
isso é o som da cerveja com fartura.
18 de outubro de 2009 às 23:37
ideia fantástica, Matador.
pena eu não gostar de relógios e mesmo o meu despertador andar sempre desacertado.
19 de outubro de 2009 às 00:21
o meu também está um bocado avariado, nunca dá as horas que eu quero.
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