O dia que Zeferino temia chegara sem se fazer anunciar. O vazio enchera-lhe a mente. A sua cabeça era como um túnel onde se cruzavam ventos a mais de trezentos quilómetros horários. As ideias eram atropeladas e não conseguiam agarrar-se às paredes do cérebro. Era o fim, o branco, as reticências...
A sua carne estava amolecida e tenrinha, como se tivesse sido martelada por um bando de skinheads com tacos de baseball. Na televisão, a Manela, com a sua boca de enxarroco vomitava postas de pescada e dava azo à mais recente histeria nacional. Os porcos olhavam para os humanos e não conseguiam disfarçar um certo sorriso zombeteiro. O espírito de Zeferino, esse eufemismo sináptico, tinha encontrado uma nova paz, um novo descanso; uma espécie de nirvana mas sem o Kurt. Sentia-se cansado, mas daquele cansaço bom. Voltou-se para o lado, de costas para a televisão, soltou uma flatulência e adormeceu.
4 comentários:
6 de setembro de 2009 às 22:47
ehehe, pois é, a nossa televisão produz o melhor efeito terapêutico na indução do sono. Qual xanax, qual carapuça! E que bom que é, roncar no sofá!
7 de setembro de 2009 às 01:59
É rápido, eficaz e saudável.
8 de setembro de 2009 às 16:08
Como eu entendo o Zeferino, flatulência em sinal de desprezo e dormir, porque dormir faz bem ;)
Bom, bom quando se tem problemas de sono é o Xanax e a televisão na sic noticias :)
beijos
8 de setembro de 2009 às 17:42
Xanax! Os palíndromos dão-me sono.
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