-O melhor da vida é não fazer nada! - Declarava para quem quisesse ouvir, Labregoísio. Sentados numa esplanada solarenga bebiam imperiais e atacavam tremoços como se o segredo do mundo estivesse algures entranhado na casca daquela leguminosa.
- Nada existe para além deste maravilhoso líquido - discorria efusivo sobre as qualidades da cerveja.- Melhor que uma é sempre outra, e melhor que outra é (fazendo sinal ao empregado) mais outra se faz favor.
Quando estavam aborrecidos dava-lhes para ali: beber cerveja e filosofar. A bebedeira era o primeiro sinal que estavam deprimidos; o segundo era andarem à porrada, que era como geralmente acabavam as diatribes filosóficas.
- O homem não foi feito para trabalhar, foi feito para criar,...E não sou seu que o digo, é Santo Agostinho.
- Agostinho da Silva – Corrigiu Romualdo.
- Não interessa, até podia ter sido o Joaquim Agostinho, o que interessa é que a frase faz sentido e eu tenciono fazer dela a minha Manta.
- Mantra!
- Agora 'tás tu errado, é mesmo manta, porque quando me levantar daqui vou-me deitar e prontos...preciso de uma manta para me tapar e tal... Enquanto não faço nada.
Calaram-se e beberricaram em silêncio. Labregoísio estava convencido que tinha deduzido o segredo da felicidade ocidental: beber cerveja, comer tremoços e não fazer nada. Romualdo era mais pragmático, sabia que o vazio contemplativo era necessário para se atingir uma certa atenção das coisas, uma claridade, o espaço que origina a criação; no entanto acreditava que a acção era a ignição de todo o motor criativo. Não podia por isso estar mais em desacordo com a visão laxista de Labregoísio.
- Olha! - Recomeçou Romualdo – Tive um amigo que era como tu. Tinha exactamente as mesmas ideias disparatadas que tu.
- Vês, eu sabia que havia mais como eu por aí.
- Um dia decidiu não fazer mais nada para o resto da vida.
- Um homem inteligente portanto, um criativo.
- Muito – Continuou Romualdo - Fomos dar com ele na cozinha da sua casa, pendurado pelo pescoço, e, sem contar com a sombra que projectava na parede quando o sol entrava de tarde pela janela, não fazia mais nada.
- Isso é muito comovente e ao mesmo tempo...deveras inspirador.
Romualdo rangeu os dentes e apertou o copo com raiva. Já não faltava muito, daí a pouco começaria a porrada.
- Nada existe para além deste maravilhoso líquido - discorria efusivo sobre as qualidades da cerveja.- Melhor que uma é sempre outra, e melhor que outra é (fazendo sinal ao empregado) mais outra se faz favor.
Quando estavam aborrecidos dava-lhes para ali: beber cerveja e filosofar. A bebedeira era o primeiro sinal que estavam deprimidos; o segundo era andarem à porrada, que era como geralmente acabavam as diatribes filosóficas.
- O homem não foi feito para trabalhar, foi feito para criar,...E não sou seu que o digo, é Santo Agostinho.
- Agostinho da Silva – Corrigiu Romualdo.
- Não interessa, até podia ter sido o Joaquim Agostinho, o que interessa é que a frase faz sentido e eu tenciono fazer dela a minha Manta.
- Mantra!
- Agora 'tás tu errado, é mesmo manta, porque quando me levantar daqui vou-me deitar e prontos...preciso de uma manta para me tapar e tal... Enquanto não faço nada.
Calaram-se e beberricaram em silêncio. Labregoísio estava convencido que tinha deduzido o segredo da felicidade ocidental: beber cerveja, comer tremoços e não fazer nada. Romualdo era mais pragmático, sabia que o vazio contemplativo era necessário para se atingir uma certa atenção das coisas, uma claridade, o espaço que origina a criação; no entanto acreditava que a acção era a ignição de todo o motor criativo. Não podia por isso estar mais em desacordo com a visão laxista de Labregoísio.
- Olha! - Recomeçou Romualdo – Tive um amigo que era como tu. Tinha exactamente as mesmas ideias disparatadas que tu.
- Vês, eu sabia que havia mais como eu por aí.
- Um dia decidiu não fazer mais nada para o resto da vida.
- Um homem inteligente portanto, um criativo.
- Muito – Continuou Romualdo - Fomos dar com ele na cozinha da sua casa, pendurado pelo pescoço, e, sem contar com a sombra que projectava na parede quando o sol entrava de tarde pela janela, não fazia mais nada.
- Isso é muito comovente e ao mesmo tempo...deveras inspirador.
Romualdo rangeu os dentes e apertou o copo com raiva. Já não faltava muito, daí a pouco começaria a porrada.
16 comentários:
11 de junho de 2010 às 19:52
Parece-me que o sentido estará algures entre uma visão e outra, pelo menos durante a semana. Hoje, concordo com o Labregoísio :)
E não sei...mas tb me parece que na porrada ganha o Labregoísio...e que mais depressa se pendura o Romualdo que pensa demais...hum, olha, também prefiro imperiais mas com caracóis.
Bom fim-de-semana!
11 de junho de 2010 às 20:03
Aceitam-se apostas para futuros combates.
Caracois com imperiais: hummmmm.
11 de junho de 2010 às 22:03
Aposto cem comentários no Labregoísio!
Ainda por cima, pertence a uma
minoria interpretativa, incompreendida... mas com personalidade.
11 de junho de 2010 às 22:09
Aposta registada.
11 de junho de 2010 às 22:26
Tenho para mim que o Romualdo sempre teve uma estranha forma de vida... eu cá também aposto no Labregoísio... é um "feeling"!
Agora, cerveja?? Ah! É com caracóis, é com "tramoços" é com "minuins", é fresca, é uma atrás da outra... é como for...!
11 de junho de 2010 às 22:33
Labregoísio 2 Romualdo 0
A cerveja tem essa característica,vai bem com tudo, até a solo.
11 de junho de 2010 às 22:38
Logo vi que tinhas preferências...eu já conto 3-0 para o Labregoísio.
11 de junho de 2010 às 22:44
Ah Tulipa, ainda bem que rectificaste, Mea Gaffe.
É verdade sim senhora
Labregoísio 3 Romualdo 0
12 de junho de 2010 às 21:45
Obrigado pessoal, o vosso apoio significa muito para mim.
13 de junho de 2010 às 14:39
Romualdo, não é nada pessoal :)
Tenho a certeza que ganhavas a jogar Trivial Pursuit mas à porrada tenho que apostar no Labregoísio :)
Matador, acho que a esquizofrenia pega-se :) ou então as sardinhas estavam estragadas :)
13 de junho de 2010 às 14:47
Hummm, não sei, talvez um pouco das duas.
13 de junho de 2010 às 21:51
Ó Romualdo... não fiques assim. Ora pensa. Para além de seres bem capaz de ganhar um jogo de Trivial Porsuit eu ainda digo mais... acho que és muito melhor a jogar às escondidas do que a andar à porrada... Por falar nisso, a Esmeraldina já te encontrou?
Portanto, desculpa mas tenho mesmo que apostar no Labregoísio, que assiste a filmes como o "Só" - o Abrenúncio é que sabe como é que se diz... acho que é Saw - mas tu entendes-me. Tu és esperto.
Vá, toma lá um beijinho e anima-te, rapaz...! ;D
**
Realmente Matador... tenho que concordar com a Tulipa... isto pega-se sem se dar conta... qualquer dia a minha filha vê-me a falar com almôndegas ou assim e manda internar-me!!!
13 de junho de 2010 às 21:58
Obrigado Tulipa
Obrigado Lala
Seja, vou desafiar o Labrego para um campeonato de Trivial.
13 de junho de 2010 às 23:13
Vês?? Já estás mais animadinho! Força pá!
15 de junho de 2010 às 11:52
Gosto do tu escreves. Gosto mesmo. Gosto muito.
15 de junho de 2010 às 11:59
Obrigado Peanut, é muito bom saber isso. A sério.
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