"Mares convulsos, ressacas estranhas
Cruzam-te a alma de verde escuro
As ondas que te empurram
As vagas que te esmagam…"Xutos e Pontapés
Abrenuncio, por vezes, sente-se encurralado entre dois mundos. Um sentimento crescente que agora lhe dá para analisar. Do ponto de vista romanesco-literário situa-se entre Kafka e Pedro Paixão. Vive o absurdo de um no meio da extrema solidão do outro.
A angústia tem a forma de duas espirais, pensa; uma que sobre outra que desce. Abrenúncio percorre a segunda com um extremo sentimento de não compreender o rumo da sua própria vida; o como e porquê de se encontrar nesta ou naquela situação, nem como ali chegou. A ignomínia é um fardo de chumbo que carrega sobre os ombros. Assim como a incompreensão e a culpa. Mais que tudo é a vergonha que o puxa para baixo, como vagas gigantescas no mar bravo. Não é moço de remar contra a maré, nem só com um braço como se vivesse sob o signo de Camões. Sente o peso e deixa-se ir; cansado. Os olhos pedem descanso , o corpo pede repouso, a alma implora por silêncio.
No fim de contas é tudo o que precisa: silêncio. Um pouco de silêncio para dormir, um silêncio que dure dez anos.
13 comentários:
30 de maio de 2011 às 21:46
Num mundo conturbado por tudo e por nada, o silêncio é a melhor opção. Mas por dez anos?!
É a loucura.
:)
30 de maio de 2011 às 21:50
é a década do silêncio.
:)
31 de maio de 2011 às 12:45
O Abrenúncio está a precisar de vir festejar os santos populares :)
31 de maio de 2011 às 14:16
Também me parece.
31 de maio de 2011 às 20:34
Adoro o contraste entre os nomes que dás às personagens e a complexidade de alguns textos.
31 de maio de 2011 às 20:54
Sempre fui muito mau a arranjar nomes para personagens. Neste blog optei por isso mesmo, pelo contraste.
31 de maio de 2011 às 23:24
Hoje estou quase como o Abrenuncio... por iso acho que vou mesmo dormir. :)
31 de maio de 2011 às 23:33
também estou quase :)
2 de junho de 2011 às 11:06
Volta e meia essa necessidade de silêncio oco vem e afunda-nos... Mas passa. Passa sempre. Porque o silêncio faz soarem mais alto os fantasmas de dentro, e aí ansiamos por ruído que os abafe.
2 de junho de 2011 às 11:09
Também está bem visto.
6 de junho de 2011 às 19:17
São os altos e baixos da vida.
Se a nossa prestação não é a esperada, há que parar para reflectir.
Mas dez anos de silêncio? Os silêncios assim tão grandes definham o progresso até mesmo o do pensamento.
27 de junho de 2011 às 03:30
Realmente, a angústia tem a forma de duas espirais. Bela metáfora... Eu, assim como Abrenúncio, percorro a segunda. E diante de tamanha incompreensão, o silêncio é sempre o melhor caminho.
Um grande abraço,
Ane
27 de junho de 2011 às 08:47
Abraço pra ti Ane
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