- Pela Lei e pela Grei – Gritou Abrenúncio-O Simples, e levantou alto a tocha que poria em marcha a sublevação.
- Pela quem? - Inquiriu Romualdo que estava nas filas de trás e ouvia mal.
- Pela Grei – repetiu Ildefonso.
- O que é isso?
- É o povo, somos nós – Explicou Ildefonso a uma pequena multidão que rapidamente se ajuntara para escutar a “descomposição” da malfadada palavra que nunca ninguém tinha ouvido.
- Nós somos a Pelagrei? - Resmungou Anacleto desconfiado.
- Diz que sim – Confirmou Labregoísio encolhendo os ombros. E de repente, como se tivessem sido ensaiados largaram todos a uma só voz:
PELAGREI – PELAGREI – PELAGREI-...
Abrenúncio, sentindo finalmente o apoio da chusma, incendiou o rastilho e todos se acocoraram abrigados à espera do estardalhaço que por aí viria.
O estardalhaço chegou sem dúvida mas não passou disso. A porta permaneceu intacta, aborrecida como sempre, sem ceder um mílimetro que fosse aos rebeldes. A "comissão de engenheiros” reuniu-se de novo e chegou à conclusão que a pólvora usada fora a seca, a que costumavam usar nos dias de festa. E agora? Já não havia maneira de arranjar pólvora boa àquelas horas. Abrenúncio–O Simples, como líder nato que era declarou:
- Meus amigos! A Revolução fica para a próxima quarta-feira à mesma hora - E dito isto a multidão debandou lentamente e a praça ficou vazia com o edifício do Governo Civil a rir-se baixinho. Chegaram todos a casa à hora do jantar. O dia seguinte era dia de trabalho e o trabalhinho é muito bonito.
9 comentários:
17 de novembro de 2009 às 13:04
Duas vezes o mesmo post, pequeno? A cerveja já estava morta? ehehe...
ah, mas o texto é brilhante. Fartei-me de rir. Palmas!
17 de novembro de 2009 às 16:33
Isto é o que dá "postar" logo de manhãzinha, com o cérebro ainda meio embezerrado.
Pronto, problema rectificado.
Agradecimentos.
17 de novembro de 2009 às 22:38
Ganda matador!
O Nighthawks do Edward Hopper (na versão "toma lá!")...
Coincidência, tenho essa imagem no desktop.
Pelagrei!!!
... o segredo está na pólvora.
17 de novembro de 2009 às 23:07
Grande Pierrot, long time no see...
É verdade a solução está na pólvora, mas naquela que explode.
Abraço.
17 de novembro de 2009 às 23:12
He he
18 de novembro de 2009 às 13:47
Está visto.
O problema foi a decisão unânime.
Deviam ter feito uma «comixão» para deliberar sobre o melhor local, outra para deliberar sobre o melhor explosivo, outra para coordenar os trabalhos, e mais duas ou três.
Depois, referendavam as propostas iniciais.
Aí sim, a coisa funcionava.
Ah, não esquecer que tinham que descansar ao sétimo dia.
18 de novembro de 2009 às 14:07
Agora vão ter que formar uma Comissão de Avaliação que também é muito importante, depois claro de ser aberto um Inquérito de Investigação.
18 de novembro de 2009 às 15:53
Não, primeiro um Inquérito Preliminar, depois um Inquérito de Avaliação ao Inquérito Preliminar, depois há que constituir uma Comissão de Investigação aos Inquéritos e no fim instaura-se um processo judicial à Fábrica da Pólvora de Barcarena por ter fornecido material que tinha chumbado previamente no Controlo de Qualidade mas que alguém, ligado aos tentáculos da Face Oculta...
18 de novembro de 2009 às 16:08
É por aí é. Eu geralmente desligo-me logo ao início e só volto a prestar atenção quando eles fogem para o Brasil.
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