Apaixonou-se por ela mal lhe pôs os olhos em cima. Era de manhã e tinha ido comprar o jornal para o seu pai ao quiosque do senhor João como era hábito. E de repente lá estava ela, com aqueles olhos grandes como se chamassem por ele. Era a primeira vez que uma moça tão bonita aparecia num sítio de esquecimento e abandono como era aquele. Encostou-se à banca do senhor João e sentiu que ela o observava fixamente. Corou. Recebeu o troco das mãos do vendedor e largou a correr para casa como se fosse perseguido por algo que não conseguia explicar. Era aquilo o amor? Devia de ser. Cada vez que pensava nela o coração acelerava arrítmico, sentia um frio percorrer-lhe a espinha, suava e tremia das mãos:«É o amor é, o meu pai já me tinha dito que era igual à gripe.»
No dia seguinte para seu espanto e alegria e um bocadinho de terror, encontrou-a no mesmo sítio, à mesma hora. De pernas bambas, e com um nó do tamanho dum camião TIR a atravessar-lhe a garganta, engasgou-se ao pedir o jornal.«Então pá, 'tas bem ou quê?» O senhor João que topara a cena toda logo ao primeiro dia divertia-se a fazer pouco do embaraço do moço. Em casa, no seu quarto, já mais calmo fez uma promessa a si próprio: «Amanhã, se ela lá estiver, tomo uma decisão. De amanhã não passa.» Logo pela manhãzinha, como sempre, dirigiu-se à praça e encostada à banca do senhor João, lá estava ela, parecia que o provocava cada vez mais. Comprou o inevitável jornal e depois, com assombros de timidez apontou o dedo para ela a tremelicar e balbuciou:«Era também...» O senhor João, que já estava careca de saber o que ele queria, não o deixou acabar a frase e entregou-lhe a Playboy Portugal, que estava no expositor com a rapariga dos seus sonhos na capa: «Estava a ver que não ó rapaz, ah!ah!ah!» Ele, contente consigo próprio, saiu esbaforido e foi aninhar-se à sombra da sua árvore preferida. Ao fim da tarde já ele conhecia a sua paixão, o seu primeiro amor, como a palma da mão.
No dia seguinte para seu espanto e alegria e um bocadinho de terror, encontrou-a no mesmo sítio, à mesma hora. De pernas bambas, e com um nó do tamanho dum camião TIR a atravessar-lhe a garganta, engasgou-se ao pedir o jornal.«Então pá, 'tas bem ou quê?» O senhor João que topara a cena toda logo ao primeiro dia divertia-se a fazer pouco do embaraço do moço. Em casa, no seu quarto, já mais calmo fez uma promessa a si próprio: «Amanhã, se ela lá estiver, tomo uma decisão. De amanhã não passa.» Logo pela manhãzinha, como sempre, dirigiu-se à praça e encostada à banca do senhor João, lá estava ela, parecia que o provocava cada vez mais. Comprou o inevitável jornal e depois, com assombros de timidez apontou o dedo para ela a tremelicar e balbuciou:«Era também...» O senhor João, que já estava careca de saber o que ele queria, não o deixou acabar a frase e entregou-lhe a Playboy Portugal, que estava no expositor com a rapariga dos seus sonhos na capa: «Estava a ver que não ó rapaz, ah!ah!ah!» Ele, contente consigo próprio, saiu esbaforido e foi aninhar-se à sombra da sua árvore preferida. Ao fim da tarde já ele conhecia a sua paixão, o seu primeiro amor, como a palma da mão.
2 comentários:
11 de novembro de 2009 às 11:01
Desculpa mas tenho que por um link no meu blog para este teu texto. Está lindo.
beijos
11 de novembro de 2009 às 11:13
Obrigado Joaninha, o privilégio é meu.
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