Quando a D.Ermelinda entrou em casa deparou-se com um espectáculo que ia do caótico ao grotesco. A sala estava toda desarranjada e no meio do chão, espalhado por todos os lados, estava Abrenúncio em cacos. A sua primeira reacção foi ir à cozinha e colocar as luvas de borracha com que costumava lavar a loiça, era muito importante não contaminar a cena do crime se é que tinha havido um. Pôs os óculos escuros e desatou a avaliar a situação. Segurou com cuidado uma orelha de Abrenúncio, que jazia junto ao móvel da televisão, aproximou-a da boca e mandou dois dos seus gritos mais estridentes: nada. Olhou em volta com um ar perscrutador e decretou: «Hummf! Isto não vai lá nem com super-cola 3.» Estava portanto para além de qualquer remedeio físico. Passeou-se lentamente por entre os destroços em busca de sinais de delito mas não os encontrou. Aliás, as garrafas vazias de vodka contavam bem a história: «O homem estava emocionalmente danificado»- diagnosticou a D.Ermelinda cujo marido era mecânico e uma vez consertara o carro de um psicólogo. Pela parte que lhe tocava o assunto estava arrumado, só havia ainda uma medida a tomar: foi buscar a vassoura e varreu os restos de Abrenúncio para debaixo do tapete.
À saída, mirou-se ao espelho que estava à entrada, tirou lentamente os óculos escuros, voltou a colocá-los na cara e com as mãos nas ancas proferiu com uma voz grave: «Foi...Uma limpeza!»
À saída, mirou-se ao espelho que estava à entrada, tirou lentamente os óculos escuros, voltou a colocá-los na cara e com as mãos nas ancas proferiu com uma voz grave: «Foi...Uma limpeza!»
2 comentários:
30 de novembro de 2009 às 14:19
Caine, Oratio Caine!
Adorei :)
beijos
30 de novembro de 2009 às 15:39
yeahhhhh!!! We wont get fooled again.
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