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Km 40*

| quinta-feira, 2 de agosto de 2012 | |

Ao chegar ao quilómetro 40, Romualdo encostou à berma. Parecia perdido. O mapa não lhe dava indicações nenhumas que o ajudassem a localizar-se e a estrada parecia a mesma de sempre: para trás pouca coisa, para a frente coisa nenhuma. A paisagem impunha-se pela aridez desértica. Um cacto ou outro, meia dúzia de pedras, vida quase nenhuma.
- O que acham? Seguimos em frente ou damos meia volta? – Meia volta era impossível, comunicou Abrenúncio, que embora tivesse feito a viagem a dormir, mostrava ter estado alerta: a estrada era de sentido único. Ildefonso lembrou que o combustível estava quase no fim. Não é só o combustível que está quase no fim - anunciou Romualdo – a minha paciência segue pelo mesmo caminho.
Podíamos ficar por aqui – sugeriu Labregoísio.
Ficar não era uma opção reclamou Romualdo. Ouve quem lançasse para o ar a ideia de apanhar boleia. Ir de boleia é fazer batota, lembrou Abrenúncio, não há esforço, não dá luta, e além disso quem lhes daria boleia com aquele aspecto sujo e mal barbeado.
Por fim Romualdo decidiu que não havia nada a decidir, deu à chave e arrancou numa nuvem de poeira que, suspensa no ar, dir-se-ia auspiciosa.
Aproveitemos para celebrar, concluiu Abrenúncio, augura-se um bom quilómetro. Beber é sempre um bom remédio e a única maneira decente de se conseguir ficar bêbado.
Brindaram – Que se levante a poeira e que esta merda ande de vez.


*metáfora roubada descaradamente ao Dytonisius

10 comentários:

Abrenuncio Says:
2 de agosto de 2012 às 08:52

Parabéns Matador.

El Matador Says:
2 de agosto de 2012 às 08:53

Obrigado Abrenuncio

Romualdo Says:
2 de agosto de 2012 às 08:54

Este blogue está cada vez mais esquizofrénico.

luisa Says:
2 de agosto de 2012 às 09:10

A vida não tem volta a dar, meus caros... temos mesmo de andar para a frente. :)

Anónimo Says:
2 de agosto de 2012 às 11:58

Com tropeços pelo caminho, muitas vezes sem hipótese de dar a volta, para a frente é que se deve ir.
Se se der com a cabeça ma parede, no ferro, na prórpia vida, f**@-se, siga que o "sol" há-de iluminar as ideias.
(foi o que me saí desta cabeça sem ideias).

:)

Anónimo Says:
2 de agosto de 2012 às 11:59

digo:

*na
*saíu



:)

Briseis Says:
2 de agosto de 2012 às 12:12

Ainda ao menos esse carro leva gente suficiente para discutir o assunto...quantos há que vão completamente sós e depois ficam para ali, empancados no vazio...
A estrada pode ser árida, mas até um cacto que se encontre tem a sua beleza. E o combustível pode estar no fim mas, a mim, parece-me que a estrada vai em sentido descendente. Não como símbolo de alguma degradação, atenção. Antes como símbolo de maior facilidade, menor esforço, é só aceitar o embalo que a estrada nos dá... =) Parabéns, Matador querido!

Marta Says:
3 de agosto de 2012 às 01:44

espera lá eles existem?! e eu a pensar que eram coisas da tua cabeça.... hummmm

Anónimo Says:
3 de agosto de 2012 às 14:12

great :)

mz Says:
8 de agosto de 2012 às 16:26

Romualdo, o teu amigo Abrenúncio a dormir tem mais lucidez do que todos os outros acordados ;)

Tchim!
Atchimmmmmmmmmm!