-É como te digo, esta situação faz-me lembrar aquela história do urologista. - Abrenúncio exclamava em gestos largos para um Labregoísio atento ainda que um pouco desconcertado.
- Depois de um longo dia de trabalho deu-se conta de que lhe faltava a aliança de casamento. Analisou rápida e criticamente a situação e concluiu que tinha perdido o anel durante um dos inúmeros toques rectais que havia feito durante o dia. Podia ter seguido para casa e explicado à mulher o incidente e a coisa resolvia-se por ali sem mais delongas, na verdade e sinceridade que haviam jurado um ao outro perante deus. Mas o médico escolheu o caminho mais longo, como tantas vezes na vida todos fazemos. Agarrou nos processos e telefonou a cada um dos pacientes a quem tinha feito o exame. «Procure nas fezes» dizia ele, «remexa bem com atenção, que ele há-de aparecer». Os doentes, na ânsia de ajudar o doutor, quando iam à casa de banho lá se punham a remexer o fundo da retrete com o intuito de subitamente verem aparecer no meio da merda um brilhante anel de ouro. Ao fim e ao cabo é o que todos desejamos.
A um outro, que sofria de prisão de ventre, pediu-lhe que com o dedo indicador, procurasse pelo reto, o precioso anel. «Insira bem para dentro o dedo, em movimentos circulares» e o homem, por respeito ao médico lá ia fazendo tudo o que este lhe pedia. Era a segunda vez naquele dia que tinha um dedo espetado pelo cu acima. A situação, que até podia ser cómica se não fosse já trágica desde o começo, tomou proporções surrealistas quando a mulher do paciente entrou de repente na casa de banho e deu de caras como marido, calças pelos tornozelos, telemóvel encostado à orelha, olhos esbugalhados e a mão direita já quase toda dentro do cú.
- E o médico, chegou a encontrar o anel? - Inquiriu Labregoísio.
- Encontrou, encontrou – Suspirou Abrenúncio – Estava no lavatório da casa de banho do consultório.
- Tchhhh!!!
- Pois é – concluiu Abrenúncio depois de mais um gole de cerveja – há dias em que também eu me sinto assim.
- Como se tivesses perdido um anel?
- Não, como se me tivessem a meter o dedo no cú.
15 comentários:
10 de junho de 2011 às 20:07
"retrete com o intuito de subitamente virem aparecer no meio da merda um brilhante anel de ouro. "
"quando a mulher do paciente entrou de repente na casa de banho e deu de caras como marido, calças pelos tornozelos, telemóvel encostado à orelha, olhos esbugalhados e a mão direita já quase toda dentro do cú. "
Espect(cu)lar!
Porquê 5 de Junho?!
:)
10 de junho de 2011 às 20:39
Foi o dia das eleições.
10 de junho de 2011 às 22:45
O post anterior referi os políticos.
Este post fez-me rir. Esquecera-me o dia das eleições.
Oh! Onde estou eu?
10 de junho de 2011 às 22:57
;)
10 de junho de 2011 às 23:31
Ó man, esse urologista não conhecia o poder retentor de um par de luvas?
Mas ri-me, sim senhor.
10 de junho de 2011 às 23:40
Sabia que ias reparar nesse pormenor, mas arrisquei na mesma.
12 de junho de 2011 às 00:27
Menos mal que foi o anel...
Há lendas acerca de ginecologistas que perdem o relógio...lol
12 de junho de 2011 às 05:00
já ouvi falar de gnrs que perderam o cavalo :)
18 de junho de 2011 às 16:42
é o que dá a idade...
a amnésia é uma merda..
18 de junho de 2011 às 17:03
pois é.
22 de junho de 2011 às 21:05
muito fixe, há realmente dias de merda :)
27 de junho de 2011 às 03:39
Admiro o teor reflexivo dos teus textos e a variedade de temas abordados aqui.
Beijos, querido.
27 de junho de 2011 às 08:48
Obrigado Ane
10 de julho de 2011 às 18:30
és brilhante
10 de julho de 2011 às 18:33
Obrigado :)
Enviar um comentário