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A Desilusão

| terça-feira, 22 de fevereiro de 2011 | |
Zubaida decidiu divorciar-se no dia em que se convenceu que o marido, Labregoísio, era homossexual. Foi uma ideia que se lhe escarrapachou na mente, e por muito que as suas amigas e os amigos do marido dissessem o contrário, nada a demovia. O seu homem era gay e acabou-se.
Já há tempos que ela vinha sentido uma certa apatia da parte de Labregoísio pela sua pessoa. O ar de enfado com que ele se punha quando ela se apresentava de negligé, o desinteresse total pelas suas coxas roliças, não enganava: tinha um homem-sexual em casa.
O raio do homem, só pensa em jogar playstation com os amigos – reclamava Zubaida a quem a quisesse ouvir, ou seja, quase ninguém.
Labregoísio confrontado com as acusações que punham em causa a sua macheza latina, limitou-se a responder com a bonomia e indolência característica dos maconheiros:
- Oh mulher, tu ‘tás doida.
Mas Zubaida não ia em conversas, e sabia muito bem quando o marido estava a esconder algo, ou não estivessem juntos há mais de 6 meses. Um dia, depois de ler o correio sentimental da revista Maria, as suas fervorosas suspeitas, que já de si cresciam exponencialmente, depressa se tornaram em certezas absolutas, que por sua vez escalaram o monte Everest do preconceito. Saiu alvoroçada do trabalho e seguiu decidida para casa. Pelo caminho treinou cuidadosamente o que diria a Labregoísio, de forma a que este percebesse e não houvesse margem para mais desentendidos. Rejeitou mentalmente várias abordagens até ter chegado àquela que lhe pareceu ser a fórmula perfeita:
- Homem! Tu és guei e eu quero um divórcio.
Chegou a casa e dirigiu-se ao quarto «ainda deve estar a dormir, o calão». Abriu a porta de rompante e deparou-se com um quadro que não correspondia bem ao que ela tinha imaginado. Labregoísio praticava selvaticamente o sexo com a vizinha do 3º andar que era uma moça jeitosa, estudante de Biologia Marinha. Zubaida, desiludida, não com a cena em si, mas por não poder jogar-lhe à cara a tirada que tanto trabalho lhe dera a compor, exclamou em forma de desabafo:
- Ai homem, homem! As coisas que tu fazes só para me contrariar.

19 comentários:

Anónimo Says:
22 de fevereiro de 2011 às 20:37

Conheço uma história parecida, mas é mais do tipo "decidiu que o marido era gay no dia em que se convenceu que ele se queria divorciar dela!"
Já me ri à conta da Zubaida!!! :)

Brown Eyes Says:
22 de fevereiro de 2011 às 20:39

ahahah
Havia três hipóteses:
homossexual;
Tinha outra ou
Impotente
Mas, como está na moda, para ela tinha que ser homossexual, enganou-se.

luisa Says:
22 de fevereiro de 2011 às 21:05

O que eu gostava de saber, mesmo, era como se chamava a estudante de biologia marinha...

El Matador Says:
22 de fevereiro de 2011 às 21:11

@Muss: Pois, as variações sobre este tema, andam por aí.

@Brown Eyes: É bem isso, o maior cego é o que não quer ver.

@Luísa: Ahahah, atão Luísa, conheces alguém do ramo?

Unknown Says:
22 de fevereiro de 2011 às 23:27

Que sorte que o labregoísio teve em descobrir a tempo ;)

El Matador Says:
22 de fevereiro de 2011 às 23:38

Sim :)

Briseis Says:
23 de fevereiro de 2011 às 00:21

E-he! fantástico, como sempre!
Mas dos males, o menor! Antes ser traída por causa de outra (que, se calhar, até tem mamas maiores!) do que ser trocada por um macho peludo que fale em falsete. Antes casada com um homem infiel, mas vigoroso, do que com um guei!!!lol

Catarina Says:
23 de fevereiro de 2011 às 01:32

Que mulher tolerante. Suponho que tudo ficou bem… : )

El Matador Says:
23 de fevereiro de 2011 às 09:01

@Briseis: É tudo uma questão de gosto.

@Catarina> Suponho que sim.

mz Says:
23 de fevereiro de 2011 às 23:03

A Zubaida é mesmo uma anedota!
Não estava nada à espera deste fim, é mesmo à "Matador".
:)

El Matador Says:
23 de fevereiro de 2011 às 23:19

ehehehe, :)

Otário Tevez Says:
25 de fevereiro de 2011 às 18:44

ufa, deve ter pensado a Zubaida.
não é todos os dias que o marido nos tira um peso de cima. sem segundas interpretações, claro está.

a marinha levou-se de um excerto.

El Matador Says:
25 de fevereiro de 2011 às 18:48

Acho que ela ficou um pouco desiludida.

A marinha?

Marta Says:
28 de fevereiro de 2011 às 00:59

Quando já estava a ficar preocupada com a macheza do sujeito, foi reconfortante saber que ainda há homens como antigamente.

El Matador Says:
28 de fevereiro de 2011 às 08:56

Eheheh

FacAfiada Says:
8 de março de 2011 às 02:26

E mais de um ano depois volto!
E sabes o que te digo ... gostei
de aqui voltar, cresceste!

El Matador Says:
8 de março de 2011 às 09:22

Jasus mulher! Que é feito de ti? fico muito contente que tenhas voltado.

Lala Says:
24 de março de 2011 às 21:37

eu estava a prever um final assim enquanto lia.. mas mesmo assim consegues surpreender-me... Ó Zubaida, para te contrariar??? Ai eu :o

El Matador Says:
24 de março de 2011 às 21:40

Ehehe