Frame by frame (Suddenly)
Death by drowning (from within)
In your, in your analysis
King Crimson
Abrenúncio olha para os dias que passam como quem olha para um filme. Sentado em silêncio. Desejando que os dias passem céleres, anseia ao mesmo tempo que não acabem tão cedo. Um paradoxo temporal portanto. E assim se sente; angustiado e ansioso. Padece de um mal peculiar; a avidez pelas coisas que passam depressa demais, antes mesmo de chegarem a acontecer. Abrenúncio observa a vida como uma passagem acelerada de imagens em câmara lenta.
E no entanto, entre um café e outro meio whisky, contempla admirado a exaltação das pequenas coisas. Das miudezas, das frases curtas, das abreviaturas, dos acrónimos. Não existe poesia nenhuma no tédio e a vida passa, agora, tão rapidamente, mesmo quando em câmara lenta. Já não há tempo para mais de duas linhas de conversa, e para os parágrafos então – meu deus- não há paciência.
É toda uma arte – pensa Abrenúncio – quase uma religião. Uma nova forma de comunicação; onde não se diz nada, afirma-se tudo, e evita-se de livre vontade essa necessidade incómoda que é pensar.
16 comentários:
18 de fevereiro de 2011 às 21:37
Porque andará o diabo do tempo tão acelerado? Cá para mim é só para contrariar o Abrenúncio.
18 de fevereiro de 2011 às 22:53
Matadoramigo
Y olé, olé! El Abrenuncio ese paréceme un tío buenissimo. Vaya!
Mer perdões, pensei que estava a comentar o El paseo por Sevilla, blogue cheio de salero y andaluzas. Mau, kaganda porra, é a pdi, é ela mesma, que não perdoa.
Prontos (sem s), apenas um pedido para transmitires ao Abrenúncio: Cuidado que dias não são dias, ainda que passem depressa. E também com essa nova forma de comunicação; onde não se diz nada, afirma-se tudo, e evita-se de livre vontade essa necessidade incómoda que é pensar.
Pensa nisso.
E inscreve-te na Minha Travessa, jáaaaa!!! çanques
Abç
18 de fevereiro de 2011 às 23:12
Pensar cansa.
Abrenuncio é inteligente e sabe que falar é fácil. E as pequenas coisas não são as que "trespassam" o pensamento?
18 de fevereiro de 2011 às 23:40
@Luísa: É a relatividade :)
@Henrique: O recado foi devidamente transmitido. Já me inscrevi na travessa.
@Desejo: Sim.de certa forma, as sinapses são pequenas grandes coisas.
19 de fevereiro de 2011 às 13:21
O mal de muita gente... o de resistir a pensar!Bom fim de semana. : )
19 de fevereiro de 2011 às 13:36
Pois.
bom fim de semana.
19 de fevereiro de 2011 às 15:34
Oh, como compreendo a frustração de ver os dias arrastarem-se a uma velocidade vertiginosa...! Simpatizo como pobre Abrenúncio...
19 de fevereiro de 2011 às 19:10
Obrigado B. A tua simpatia acalenta-me.
20 de fevereiro de 2011 às 16:58
Oh, céus...! Ele veio de propósito falar comigo, o próprio Abrenúncio! Estou tão extasiada que... que... vou só apanhar os boados que me caíram ao chão e já volto para descrever...! XD
20 de fevereiro de 2011 às 23:04
Cá por mim são os anos que passam a correr, mesmo quando os dias se arrastam...
20 de fevereiro de 2011 às 23:09
Para onde é que eles vão?
21 de fevereiro de 2011 às 23:46
vão lá para trás, para aquele lugar onde só voltamos em sonhos (talvez)
22 de fevereiro de 2011 às 09:54
"uma passagem acelerada de imagens em câmara lenta" muito poético. Abrenúncio é o cidadão de nossa acelerada época, nada o toca tudo passa desapercebido por ele.
Saudações Literárias
22 de fevereiro de 2011 às 10:10
É um observador estático.
22 de fevereiro de 2011 às 23:30
A contemplação das pequenas coisas dá sentido aos dias que passam depressa demais.
22 de fevereiro de 2011 às 23:36
Sim, às vezes a beleza esconde-se nas pequenas coisas.
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