- Há uma coisa que me aborrece.
- O que é?
- Os bombeiros.
- Porquê?
- São bonzinhos demais...apagam os fogos e mais não sei quê mas...
- Mas?
- Bebem leite sem chocolate.
- E vai daí não gostas deles?
- Irrita-me aquela história deles serem soldados da paz, como é que é possível, um antagonismo destes?
- Bom... Parece-me que eles se denominam soldados porque funcionam na mesma lógica de comando e hierarquia que os militares.
- Exacto: acho mal.
- Como assim?
- Acho que não deviam de haver hierarquias nenhumas: cada um apagava o fogo como lhe apetecesse e prontes.
- Isso era a anarquia não achas?
- E tu achas que é preciso uma democracia para mandar baldes de água para cima dum incêndio qualquer? Não te parece que o sistema actual é igualmente desorganizado?
- Bom...Sim... Talvez...
- Em todo caso o que me irrita mesmo são as filarmónicas.
- O quê??? Como?
- Aquelas fardas estilo militar que algumas usam, arrghhh!!!
- De certo modo seguem um mesmo estilo: têm o maestro que faz as vezes de capitão e toda uma tropa que lhe obedece tocando afinado e a tempo...
- Não gosto! Acho que cada um devia tocar aquilo que lhe dá na veneta.
- Anarquia outra vez?
- Não, Jazz!
Para a Fábrica de Letras - Preconceito
- O que é?
- Os bombeiros.
- Porquê?
- São bonzinhos demais...apagam os fogos e mais não sei quê mas...
- Mas?
- Bebem leite sem chocolate.
- E vai daí não gostas deles?
- Irrita-me aquela história deles serem soldados da paz, como é que é possível, um antagonismo destes?
- Bom... Parece-me que eles se denominam soldados porque funcionam na mesma lógica de comando e hierarquia que os militares.
- Exacto: acho mal.
- Como assim?
- Acho que não deviam de haver hierarquias nenhumas: cada um apagava o fogo como lhe apetecesse e prontes.
- Isso era a anarquia não achas?
- E tu achas que é preciso uma democracia para mandar baldes de água para cima dum incêndio qualquer? Não te parece que o sistema actual é igualmente desorganizado?
- Bom...Sim... Talvez...
- Em todo caso o que me irrita mesmo são as filarmónicas.
- O quê??? Como?
- Aquelas fardas estilo militar que algumas usam, arrghhh!!!
- De certo modo seguem um mesmo estilo: têm o maestro que faz as vezes de capitão e toda uma tropa que lhe obedece tocando afinado e a tempo...
- Não gosto! Acho que cada um devia tocar aquilo que lhe dá na veneta.
- Anarquia outra vez?
- Não, Jazz!
Para a Fábrica de Letras - Preconceito
25 comentários:
4 de janeiro de 2011 às 19:35
Muito bom!! :) mas até no Jazz há uma ordem e uma hierarquia, mesmo que seja improvisada!
4 de janeiro de 2011 às 19:43
É verdade. Aliás, o preconceito é esse mesmo: achar que os músicos de jazz tocam cada um para o seu lado.
4 de janeiro de 2011 às 20:46
Podia-lhe dar para pior...
4 de janeiro de 2011 às 21:20
Bem pior.
4 de janeiro de 2011 às 21:21
Hum... delicioso, como sempre!
...mas pobres dos nossos valorosos bombeiros, assim diminuídos a fardas e organizações militares, bandas e anarquia de baldes de água...
4 de janeiro de 2011 às 21:29
O preconceito é assim :)
4 de janeiro de 2011 às 22:07
E não podiam tocar rock, não?
4 de janeiro de 2011 às 22:31
Adorei.Interessantes as analogias.
4 de janeiro de 2011 às 22:40
Também bem dito. Saia uma de Jazz.
4 de janeiro de 2011 às 22:51
Já dizia o outro que "jazz são quatro músicos a tocar 4 músicas diferentes ao mesmo tempo".
Quanto aos soldados da paz, algumas pessoas podem ficar chocadas às portas de um serviço de saúde qq...
4 de janeiro de 2011 às 23:14
Humor e preconceito, muito bem!
Eu gosto de Jazz, da Fanfarra dos Bombeiros e de algumas fardas. Só não gosto de Anarquia.
5 de janeiro de 2011 às 10:45
@Luísa: podiam, mas não era a mesma coisa (que lugar mais comum, enfim)
@Desejo: Obrigado
@Noesis: Tá a sair
@Catso> Quatro musicos a tocar a mesma musica de quatro formas diferentes
MZ Oh logo a Anarquia que e tao divertida.
5 de janeiro de 2011 às 17:27
Como sempre, uma participação de qualidade,com uma conclusão imprevista.Gostei. Parabéns.
5 de janeiro de 2011 às 21:18
Obrigado Eduardina, fico contente que tenhas gostado.
5 de janeiro de 2011 às 23:35
tu és mesmo bom. gosto muito.
5 de janeiro de 2011 às 23:41
Obrigado M.
6 de janeiro de 2011 às 23:56
a minha filha tem 3 tios bombeiros... o pai dela também já foi... e o bisavô também... nunca tinha olhado para eles desta forma :)
*
eu bem disse lá na "rede social" que hoje queria ler algo de qualidade.
Surpreendes-me sempre, pá!
Bjinhos*
7 de janeiro de 2011 às 10:24
Obrigado Lala, volta sempre.
8 de janeiro de 2011 às 01:39
Ou isso, lol.
13 de janeiro de 2011 às 15:55
ahahah jazz é bacano... tenho um disco do armstrong ali aos anos e ainda não ouvi... mas aprecio...
embora actualmente ande mais numa de punk... coisas da adolescência...
13 de janeiro de 2011 às 16:23
Punk é fixe, e não está morto como se diz por aí, está apenas em coma.
O Jazz vale a pena, mas aprende-se a gostar, não é instintivo como o punk.
23 de janeiro de 2011 às 10:48
Interessante sua participação meu amigo!
A hierarquia parace exatamente isso: um faz de conta alucinado de que tudo vai funcionar se seguir a tal...
De fato ela foi criada exatamente para definir quem seriam os primeiros a serem "eliminados", então começaríamos sempre com os soldados e um bom tempo, haja tempo, chegaríamos aos capitães!
Mas é como o belíssimo sentido que o texto do amigo explica: em alguns lugares ela só é observada por regra e na teoria, na prática, JAZZ! :)
Grande abraço renovado e parabéns pela belíssima participação!
23 de janeiro de 2011 às 18:50
Bem-vindo Joe e obrigado pelo comentário.
30 de janeiro de 2011 às 12:45
a ignorância e o preconceito são amigos de infância :)
está muito giro!!
30 de janeiro de 2011 às 12:58
Obrigado Fia, é mesmo isso.
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