Quando chegou a altura do veredicto, Ildefonso ponderou bem na decisão a tomar. Uma condenação é coisa séria, não se produz assim do pé para a mão. Queria castigar os culpados, queria muito castigar os culpados, mas queria fazê-lo de forma diferente, com classe e pedagogia. Ildefonso era um inovador, as suas condenações era como que um belo quadro em que as cores estão todas em harmonia e a mensagem, mesmo que não se perceba, está lá à vista de toda a gente. Nos corredores dos tribunais de Remulak – A Grande era considerado um artista por alguns, outros reconheciam-lhe o brilho de um génio.
Quando se aproximava a data do espectáculo que era um veredicto de Ildefonso, toda a cidade se animava num reboliço. Os feirantes montavam os seus negócios e toda a rua do tribunal se transformava como se de uma verdadeira feira se tratasse; havia carrosséis, palhaços, malabaristas, ursos, algodão doce, farturas, e, cerveja com fartura. Havia desacatos e porrada até dizer chega, mas isso já era um hábito da Cidade, com ou sem veredicto, o povo animava-se como podia.
Chegou o dia V e toda gente correu a encontrar o melhor lugar, o melhor cantinho de onde pudesse ver e beber das palavras do Ilustre Meretíssimo. Abriu-se a janela do primeiro andar do tribunal e Ildefonso surgiu em todo o seu esplendor na sacada. Os aplausos e assobios estrondearam numa ovação demorada. Ildefonso, coberto com o austero manto cor-de-rosa salpicado de estrelinhas amarelas (característico dos magistrados), levantou os braços em sinal de silêncio e o público aquiesceu.
- O culpado...É o motorista... - Um rugido soltou-se da multidão; já estavam à espera, concordavam uns, outros não, mas é claro que só podia ser, alvitrava a maioria.
- Fica aqui condenado...(silêncio sepulcral)...A um puxão de orelhas. Nova inquietação por parte do povo, era uma pena muito pesada, que não, que não, que ainda devia ser pior para dar o exemplo.
- Mas... - Aí vinha a parte inovadora que todos esperavam. - Se prometer nunca mais voltar a fazer o mesmo...pode ir em liberdade. Lá estava o toque sublime que os deuses só distinguem a alguns.
A turba entrou em extâse ao ouvir estas palavras e de imediato se entregou à palhaçada, à porrada com fartura e à cerveja com algodão doce. Estava decidido, o resto do dia seria de festa.
Labregoísio, que era parvo, tentava deslindar uma manchete para o seu pasquim vespertino. Observava a comédia em que se havia tornado a tragédia humana e escrevinhava imbecilidades.
Quando se aproximava a data do espectáculo que era um veredicto de Ildefonso, toda a cidade se animava num reboliço. Os feirantes montavam os seus negócios e toda a rua do tribunal se transformava como se de uma verdadeira feira se tratasse; havia carrosséis, palhaços, malabaristas, ursos, algodão doce, farturas, e, cerveja com fartura. Havia desacatos e porrada até dizer chega, mas isso já era um hábito da Cidade, com ou sem veredicto, o povo animava-se como podia.
Chegou o dia V e toda gente correu a encontrar o melhor lugar, o melhor cantinho de onde pudesse ver e beber das palavras do Ilustre Meretíssimo. Abriu-se a janela do primeiro andar do tribunal e Ildefonso surgiu em todo o seu esplendor na sacada. Os aplausos e assobios estrondearam numa ovação demorada. Ildefonso, coberto com o austero manto cor-de-rosa salpicado de estrelinhas amarelas (característico dos magistrados), levantou os braços em sinal de silêncio e o público aquiesceu.
- O culpado...É o motorista... - Um rugido soltou-se da multidão; já estavam à espera, concordavam uns, outros não, mas é claro que só podia ser, alvitrava a maioria.
- Fica aqui condenado...(silêncio sepulcral)...A um puxão de orelhas. Nova inquietação por parte do povo, era uma pena muito pesada, que não, que não, que ainda devia ser pior para dar o exemplo.
- Mas... - Aí vinha a parte inovadora que todos esperavam. - Se prometer nunca mais voltar a fazer o mesmo...pode ir em liberdade. Lá estava o toque sublime que os deuses só distinguem a alguns.
A turba entrou em extâse ao ouvir estas palavras e de imediato se entregou à palhaçada, à porrada com fartura e à cerveja com algodão doce. Estava decidido, o resto do dia seria de festa.
Labregoísio, que era parvo, tentava deslindar uma manchete para o seu pasquim vespertino. Observava a comédia em que se havia tornado a tragédia humana e escrevinhava imbecilidades.
2 comentários:
17 de dezembro de 2009 às 15:27
Ildefonso, coberto com o austero manto cor-de-rosa salpicado de estrelinhas amarelas (característico dos magistrados)
Ah ah ah ah ah ah...
Tá boa!
Ganda Matador.
17 de dezembro de 2009 às 15:45
eheheheh.
Abraço.
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